Papo sério, guloseimas e afins.

Sorte do dia:
"Ah se eu pudesse sacar meu revólver" (Madre Teresa de Calcuta)

“Não há nada que uma boa paulada na nuca não resolva” (Mahatma Gandhi)

“But we can, you kow we can Let´s lynch the landlord man!!!” (DEAD KENNEDYS)

“Take’em all, take’em all Put’em up against a wall and shoot’em Short and tall, watch’em fall Come on boys take’em all!!!” (COCK SPARRER)

31/08/2010

100 ANOS DO CAMPEÃO DOS CAMPEÕES

ISSO MESMO, 100 ANOS DO CORINTHIANS!
O MEU CORINTHIANS!
O NOSSO CORINTHIANS!
100 anos de conquistas e glórias! É só o começo!



Não! Não é a elite do morumbi (argh), nem os fascistas da barra funda (urgh), nem os caiçaras de esgoto (blargh)!! AQUI É CURINTIA, PORRA!

Os outros podem ter título de bolinha de gude ou mundial, MAS SÓ O CURINTIA TEM UMA NAÇÃO, UM POVO! É O TIME DO POVO!

Vamos lembrar do gol de 77, aquele mesmo! Narrado por Osmar Santos! Imagens do Canal 100!!! 100 anos de glórias e conquistas!!! Chora fiel, é a nossa vez!!!!!!



É O TIME DO POVO!!!

Cidade Aquariana (Gaviões da Fiel, 1992 )

DE NORTE, SUL
NORTE, SUL, LESTE, OESTE (AI AMOR)
FAÇO O MEU SINAL DA CRUZ (E NA AVENIDA)
A IMAGEM DE SÃO JORGE ME ILUMINA
E ENCHE OS GAVIÕES DE LUZ (DE LUZ, DE LUZ)

DA PAIXÃO
PELA MAGIA ME FIZ APRENDIZ
CONSULTO OS ASTROS PARA SER FELIZ
NESTA SÃO PAULO AQUARIANA
DE ANDAR
JÁ ME CANSEI, CADÊ A CONDUÇÃO?
TRABALHO, ESTUDO, NUM LUGAR FORA DE MÃO
UM DIA QUERO SER BACANA
PRA PODER SAMBAR
CAIR NA ZOEIRA
E DEPOIS DO CARNAVAL
LAVAR TUDO QUE É MAL NA CACHOEIRA
DEFENDER O MEU ARROZ
EDUCAR UMA CRIANÇA
PARA NÃO PRENDER DEPOIS

LI A MÃO
COM A CIGANA
SIMPATIA
SALVE A BAIANA
E O MEU GOL
CARREGADO DE EMOÇÃO
DEDICO A NAÇÃO CORINTIANA




(caralho, tô chorando)

Que venham mais 100 anos de conquistas e glórias!

RAÇA, CURINTHIA!!!

29/08/2010

TV CULTURA: a treta continua!

Aos que pensavam que era alarme falso ou "trololó", nesta segunda-feira, 30 de agosto, já não contaremos mais com a apresentação de Heródoto Barbeiro  no programa Roda Viva da TV Cultura. E conforme já havíamos alertados nossos assíduos leitores, a apresentadora agora será ninguém mais, ninguém menos, que ela: Marília Gabriela!!! Veja a chamada


Obsceno, não é mesmo?!

E dá muuuito nojo ver a Folha de S. Paulo noticiando a entrada da Marília Gabriela como se fosse um corriqueiro processo de inovação da TV! Mas que mídia golpista sem vergonha! 

Raivosa com os péssimos resultados desempenhados por sua campanha pró-Serra, o Terrível,  essa mídia tucana escamoteia um ato real de censura e agressão à liberdade de expressão (aqui! no Brasil! não lá na Venezuela!) e prefere  fazer uma entrevista perguntando o que a Marília Gabriela acha do cenário.... Do cenário!?! Socorro!!! Então virou talk-show mesmo?! Por que o Sayad não chama logo de uma vez a Hebe Camargo?

Desde foi aparelhada pelo PSDB, por meio de João Sayad, todas as notícias que surgem da Fundação Padre Anchieta são terríveis. Para os que não recordam de toda a história, façam um retrospecto clicando nos links d'A CORTIÇA abaixo e entenda passo a passo da sujeira 
Débora Prado (Caros Amigos) e Rosane Pavam (Carta Capital) falam sobre o processo de desmonte do aparato público pelo PSDB. E ainda Gilberto Yoshinaga (Carta Capital) fala sobre o fim do programa Manos e Minas

Começam a cair as primeiras cabeças do jornalismo da TV Cultura sob a gestão Sayad

Uma das últimas ações de João Sayad na Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo foi tentar acabar com as Oficinas Culturais
As aventuras de João Sayad e Andrea Matarazzo e seus atentados contra o patrimônio público. Aqui já alertávamos sobre os perigos aos quais a TV Cultura estava exposta com Sayad à frete da Fundação.

Lendo essas postagens, constata-se que, felizmente, o assunto não está passando despercebido pela imprensa. Obviamente, estamos nos referindo às publicações que, assim como nós, estão em temporada de caça aos tucanos. Por exemplo o jornal Brasil de Fato também está dando visibilidade a esse tema. Leia mais aqui.

E até mesmo a Maria Rita Kehl entrou na briga. Em sua coluna no Estadão, do dia 21 de agosto, ela também levanta uma série de questões até agora deixadas no vácuo por Sayad e o PSDB. Então, leia o artigo

Cultura pra quê?
Por Maria Rita Kehl, 21 de agosto de 2010

Um dia a massa há de provar do
biscoito fino que fabrico.

(Oswald de Andrade)

Que pena. Cada vez que me decido a escrever uma crônica mais leve nesta coluna (não ouso dizer literária. Bem, já disse), o sentimento do mundo me pega não como a doce melancolia do poeta, mas como um paralelepípedo na testa. Não sou capaz de recusar o debate público. Deve ser um sintoma grave, desses que não têm cura depois de certa idade.

Desta vez, a acalorada discussão em torno do projeto de desmanche da TV Cultura me pegou pela cabeça e pelo coração. O economista João Sayad é um homem público respeitável. Conseguiu botar em ordem as finanças da Prefeitura de São Paulo depois da calamitosa gestão Celso Pitta. O ministro Fernando Haddad contou que foi em conversa com ele que surgiu o projeto dos CEUs, oásis de cultura e sociabilidade a quebrar a aridez da vida nos bairros mais pobres da cidade. João Sayad não precisa de prestígio. Já tem.

Por isso não entendo o que o levou a assumir a presidência de um empreendimento que ele não conhece, não parece interessado em conhecer e, acima de tudo, evidentemente não gosta. Até o momento não li nem ouvi falar de nenhuma proposta criativa de Sayad para a TV Cultura. Nenhum novo projeto de programa, de modificação na grade, nenhum novo conceito sobre o papel da única tevê pública de canal aberto do Estado mais rico do Brasil. Tudo o que se sabe é que o economista veio para cortar gastos. Demitir ¾ dos funcionários! Impossível imaginar que a Fundação abrigasse 1.400 empregados inúteis. Tal enxugamento da folha de pagamentos visa a exterminar o quê? A própria programação.

Tudo leva a crer que Sayad não tinha ideia do que a TV Cultura já fez e ainda faz; em reunião interna demonstrou desconhecer até mesmo um diretor da importância do Fernando Faro, embora não haja sinais de que vá interromper o melhor programa musical do País, que além do mais se tornou um arquivo vivo da memória da música brasileira. Fora isso, terá vindo apenas para encolher os gastos da emissora, com a fúria de um exterminador do futuro? Não haverá argumento que o convença da importância de usar dinheiro público para a experimentação, a invenção e a aposta em programas de qualidade, diferenciados da mesmice das emissoras comerciais? As primeiras notícias falam em venda dos estúdios e dos equipamentos, demissões em massa e redução da TV Cultura a um pequeno e mesquinho balcão de compra de enlatados. Faz tempo que uma decisão política não me causava tristeza tão grande.

 Rolando Boldrin e um dos seus "causos": "E foi então, gente, que apareceu um vampirão, com os dente assim bem grandão, dizendo com uma voz medonha 'O Brasil pode maaais.... pode mais é se fodeeer'!  Mas pior que assombração, gente, era um puta véia que o vampirão carregava pra onde ia. O matuto era metido  a economista e quis mandar aqui na TV, mas não sabia nem a diferença entre o 'Cocó-ricó' e o 'Sr. Brasil'... E deu no que deu: cortou perna do saci, cortou emprego, cortou a cabeça da mula até cabeça de jornalista! Cruz-credo!"

Sendo a economia de verba sua única proposta, gostaria de saber qual o destino de todo o dinheiro que ele haverá, sem dúvida, de poupar com o encolhimento da Cultura. Que se revejam as contas da emissora para eliminar possíveis desperdícios e inoperâncias, vá lá. Mas por que um Estado rico como o nosso precisa ser tão mesquinho nos gastos com sua TV pública? Uma Secretaria (infelizmente entregue a outro homem que não gosta disso) que pode manter a Osesp para usufruto da elite paulista, que pode construir um luxuoso Teatro da Dança, outro da Ópera, para a mesma elite - não pode manter uma TV experimental para um público, não necessariamente elitista, mas pequeno? O argumento é que ela é irrelevante em termos de Ibope. Então, tá. Quantos milhões de telespectadores são necessários na planilha do atual gestor para justificar a existência de uma emissora que funciona como laboratório de programas ligados à cultura brasileira e internacional, e que conta com um público muitas vezes mais numeroso do que o que cabe na Sala São Paulo? Não escrevo isto para criticar a Osesp. Que floresçam mil Osesps pelo Estado, pelo País. Uma só Osesp é mais progressista do que todas as pontes e viadutos que um governo possa construir. Faço a comparação para mostrar o absurdo de se desmontar, com argumentos de planilha, uma televisão pública que utiliza sua verba para oferecer biscoito fino à massa.

Escolho, para terminar, o triste exemplo de um programa que já foi extinto pela atual direção: Manos e Minas. Um corajoso programa de auditório dedicado ao hip hop, levado ao ar ao vivo nos sábados à tarde sob o comando de Rap in Hood, que estreou em CD lá por 2000, cantando: "eu tenho o microfone/ é tudo no meu nome". Ter acesso ao microfone e falar em nome próprio: na plateia, meninos e meninas de pele escura, "bombeta e moleton", não se distinguem dos mesmos meninos e meninas que sobem para dar seu recado no palco. Enfim, alguém teve a ousadia de dar visibilidade à atividade musical dos jovens da periferia de São Paulo, acostumados a só existir na mídia quando algum dentre eles comete um crime.

Manos e Minas não precisa de argumentos de segurança pública para se justificar. Dar espaço ao rap na televisão é importante por si só. Mas a decisão de acabar com o programa nos faz refletir sobre o modo como a elite paulista concebe a inclusão simbólica da periferia na produção cultural da cidade: não concebe. Daí que a pobreza, aqui, seja um problema exclusivo de segurança pública. A extinção de Manos e Minas lembra, não pelo conteúdo, mas pelo princípio operante, as desastradas políticas de "limpeza" da cracolândia. Quem mais, senão uma TV pública, poderia investir na visibilidade dos artistas da periferia?

 "Periferia"! Amiga,  ela disse "periferia"?! 
CÓÓÓ-CÓ-CÓ-CÓ!!!!!  CÓÓÓ-CÓ-CÓ-CÓ!!!!!  CÓÓÓ-CÓ-CÓ-CÓ!!!!!

A Paprika de Kon Satoshi

Esse blog já está parecendo a seção de obtuários do jornal. Desde que começamos nossos trabalhos já perdemos o GlaucoHarvey Pekar e, nessa semana,  Kon Satoshi.


Infelizmente, no dia 24 de agosto (mesmo dia do Vargas, que azar!) morreu, aos 46 anos, Kon Satoshi diretor de animações japonesas. Entre suas obras estão Tokio Godfathers (2003) e Paprika (2006).

Aliás, foi justamente Paprika (cuja descoberta foi completamente acidental num hotel distante onde a TV a cabo foi a melhor companhia que eu consegui naquela noite) que me introduziu na obra de Satoshi.

E como já faz algum tempo que as animações não aparecem aqui n'A CORTIÇA, recomendamos que vocês vejam Paprika inteirinha, clicando no link abaixo da imagem


Ah, e para os que estão estranhando este tipo de animação aqui n'A CORTIÇA, relaxem, também acho cretino Pokemon, Naruto and all those shit! Mas ao ver Paprika você se depara com mais um belo exemplo do quão furado é o padrão "Disney/Dreamworks" de qualidade! Por essas e por outras, vale a pena!

22/08/2010

Globalização em Tempos de Porre (Vol.01 - Zygmunt Bauman)

 Está furioso? Nós também! Não aguentamos mais o sorriso das grandes corporações gozando da nossa cara!

Ronald McFuck ama muito tudo isso!!!

O veículo de informação mais radical do quarto andar do meu prédio, A CORTIÇA, em sua paladina cruzada para explodir essa jaula de código de barras,  apresenta aos leitores alguns dos nomes mais importantes para entendermos o porque do mundo ser esse lixo miserável e como podemos virar o jogo (de prefência, chutando o tabuleiro).

"Globalização em Tempos de Porre" será uma série de publicações focadas em divulgar aqui no blog o pensamento de alguns dos nomes centrais de crítica ao Capitalismo em épocas do Neoliberalismo (pois só mesmo de porre pra se calar com a boca de feijão e engolir essa vidinha nossa de cada dia). Entre outros cérebros, aqui você irá desfrutar um pouco mais de Noam Chomsky, Milton Santos, Naomi Klein, François Chesnais e mais um montão de gente bonita! Para começar nossa saga, apresentamos algumas das idéias de  Zygmunt Bauman.

Zygmunt Bauman

 
Sociólogo polonês, iniciou a sua carreira na universidade de Varsóvia, onde ocupou a cátedra de sociologia geral. Teve artigos e livros censurados e em 1968 da Universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo a sua vida no Canadá, Estados unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular de sociologia da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por 20 anos.  Atualmente é professor de sociologia em Leeds e Varsóvia. No Brasil, a Jorge Zahar Editor é quem detém os direitos pela publicação de seus mais de 17 livros.
Uma de suas obras mais recentes, lançada pela mesma editora, é Tempos Líquidos. Você pode baixar a Introdução desse livro clicando aqui. Então, pare cinco minutinhos o que está fazendo para ler esse bom velhinho!

Se estiver interessado em outras obras de Bauman, eis algumas coisas para você pegar para ler depois. Basta clicar sobre o título

 Neste livro, o sociólogo demonstra que a marca da pós-modernidade (valor supremo) é a "vontade de liberdade" que acompanha a velocidade das mudanças econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano. Daí resulta um mundo vivido como incerto, incontrolável e assustador  (bem diferente da segurança projetada em torno de uma vida social estável, ou em torno da ordem, como pensava Freud em O mal-estar na civilização)

A comunidade e os empregados das empresas não têm por nenhum momento voz ativa nos processos de tomadas de decisões. As deliberações são tomadas por investidores não locais, tornando-os incessíveis as necessidades locais. Para estes investidores, o que está em jogo é o maior acúmulo de capital, ou seja, a busca incessante pelo lucro, sendo a exploração da mão de obra um determinante do seu objetivo. Desta maneira, quando os acionistas vislumbram maiores oportunidades em outras localidades, prevendo maiores dividendos, estes o fazem sem problema, deixando “a tarefa de lamber as feridas” para as pessoas que estão presas à localidade (BAUMAN, 1999 p.15).
A modernidade imediata é "líquida" e infinitamente mais dinâmica que a modernidade "sólida" que suplantou. A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. Bauman esclarece como se deu essa transição e nos ajuda a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta. Este livro complementa e conclui a análise realizada pelo autor em Globalização - as conseqüências humanas e Em Busca da Política. Juntos, esses três volumes formam uma análise das condições cambiantes da vida social e política.   

E na próxima edição de "Globalização em Tempos de Porre" mais algum intelectual bonitão para falar mal do Capitalismo. Até lá, faça como o Seu Madruga e sabote o sistema!


16/08/2010

TV CULTURA POR UM FIO

Por diversas vezes já alertamos nossos assíduos leitores: a TV Cultura já era!

 
 Dr. Pompeu Pompílio Pomposo, desde a década de 90
já antecipava os planos do PSDB sobre o Castelo.

Desde que João Sayad assumiu a presidência da Fundação Padre Anchieta não surge nenhuma boa nova da emissora. Ao invés, apenas tragédias e mais tragédias: demissões de jornalistas, corte de verba na programação, etc. Leia aqui n'A CORTIÇA sobre esses "trololós" tucanos que urubuzam a TV Cultura.

A mais recente catástrofe acerca da emissora foi a divulgação do cancelamento abrupto do programa "Manos e Minas", único da TV aberta brasileira dedicado ao Hip-Hop (além de abrir espaço para diversos nomes da música nacional, independentemente de ser hip ou ser hop).

Nenhuma novidade: o PSDB e seus tucanos espalhados em cargos estratégicos por aí dilacerando o patrimônico público. Não importa se é Educação, Saúde, Transporte ou Meios de Comunicação: tudo que eles metem o bico viram cinzas (exceção feita à conta bancária de seus amigos do peito).

Sobre esses temas, leiam os dois artigos abaixo:

TV Cultura: a saga de desmonte do patrimônio público

Trabalhadores da TV Cultura vivem dias de tensão na emissora sob ameaça de demissões, enquanto o bem público segue servindo ao privado em São Paulo

Por Débora Prado
debora.prado@carosamigos.com.br
12/08/2010

Os funcionários da TV Cultura estão preocupados. Não é para menos. Há anos não recebem um reajuste real no salário, nem hora extra, as denúncias de assedio moral são recorrentes e cada vez mais a carteira assinada é substituída pelo famoso PJ (quando o funcionário é obrigado a se tornar uma ‘pessoa jurídica’ para que num contrato entre ‘empresas’, o patrão não precise arcar com os direitos trabalhistas). Para piorar, no começo do mês, o colunista do R7 Daniel Castro afirmou que a direção da emissora prepara uma reestruturação que deve gerar mais de mil demissões.

Os rumores consternaram e não é para menos. Embora não haja nenhuma confirmação dos cortes, o economista João Sayad – a frente da presidência da Fundação Padre Anchieta - também não afirma que os empregos serão mantidos. A precarização das condições trabalhistas é crescente e, pior, é apenas um dos braços do desmonte e desvio da emissora, que deveria ser um bem público paulista.

Sayad fala somente em uma ‘reestruturação de conteúdo’ e em enxugar o orçamento. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no dia 9 de agosto, disse que a grade da televisão está sendo estudada e haverá repercussões. Em reunião com o Conselho da emissora, falou em abrir o espaço para “produções independentes”.

Está armado o golpe. Com o PSDB há 20 anos a frente do governo estadual em São Paulo, acontece na cultura o que já aconteceu em várias outras áreas: a administração promove o desmonte de um bem público e depois o acusa de ineficiência para privatizar.

O discurso é frágil e baseado em premissas generalistas. Por exemplo, a emissora pode não custar tão caro quanto ele diz. Um dos funcionários fez uma conta simples e apresentou na última assembleia: a partir de um DVD institucional comemorativo calculou que, nos 41 anos de vida da emissora, ela recebeu, em média, R$ 87 milhões (valores atualizados) por ano. O montante, dividido pelos cerca de 40 milhões de habitantes do Estado, resulta na pouco substanciosa cifra de R$ 2,18. Ou seja, a emissora custa ao contribuinte menos de três reais POR ANO.

A TV Cultura já não produz nenhum programa infantil, área bem reconhecida por grande parte do público. A programação para jovens e adolescentes também está sendo atacada. Já acabaram com as gravações do Teatro Rá Tim Bum, Cocoríco, Pé na Rua e Cambalhota. O próximo alvo deve ser o Login, que, segundo os rumores internos, deve parar de ser gravado em algumas semanas.

Penélope, jornalista de oposição à gestão Sayad, foi demitida da TV Cultura
 após uma reportagem sobre um babado quentíssimo entre Serra, o Terrível, e a Soninha
.

O Manos e Minas, um dos poucos programas na televisão brasileira que retratava o universo do jovem da periferia, já parou de ser gravado. No dia 5, uma movimentação no twitter com a tag  #salveomanoseminas ficou no trending topics Brasil, ou seja, foi uma das mais citadas na rede social do País. Diante dos protestos, estão sendo colhidas assinaturas para um abaixo assinado contra o fim do programa (veja mais informações). A equipe continua indo na emissora, pois o contrato ainda não acabou, mas não sabe o que fazer. Para piorar, dos 18 funcionários, 17 são contratados pela fraude dos PJs e estão em situação super instável.

Sayad pegou os trabalhadores que de fato constroem a grade da emissora em dois pontos sensíveis: a autoestima e o emprego. Em assembléia em frente à emissora no dia 9 de agosto, muitos deles defendiam a qualidade da programação e aquilo que deveria ser a essência de uma TV pública. O deputado federal Ivan Valente (PSOL) esteve lá conversando com os funcionários e disse que “onde há fumaça, há fogo”, classificando a reestruturação como um ataque a lógica do que deve ser uma emissora pública e uma ameaça ao emprego e dignidade dos trabalhadores.

Outra assembléia aconteceu no dia 12 de agosto, na praça em frente às instalações da Cultura, em São Paulo. O Sindicato dos Radialistas de São Paulo e o dos Jornalistas devem realizar assembléias todas as quintas-feiras para tentar frear as demissões. A idéia é conseguir uma liminar na justiça que impeça qualquer corte enquanto a situação está em debate.

Segundo a direção informou às lideranças sindicais, há hoje na Cultura 2.150 funcionários, sendo 880 contratados pelo esquema de PJs. Alguns funcionários relataram, ainda na assembléia, que trabalham como cooperados. Desse total, cerca de 450 funcionários da Cultura estão atuando na TV Justiça e TV Assembleia e estão com os contratos para vencer – correndo sério risco de perder seus empregos. Os números não são exatos, nem oficiais e há muito pouca transparência nesse sentido.

A TV cultura não pertence ao Governo, mas sim ao público de São Paulo, ou seja, a sociedade civil. Ela deveria ser supervisionada pelo Conselho Curador, que infelizmente atua mais ratificando os desmandos tucanos do que supervisionando de fato se a concessão está servindo ao interesse público.



É pública

A grosso modo, o patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e do privado. O termo foi muito usado para qualificar as monarquias do absolutismo. Pois em São Paulo, alguns monarcas tucanos parecem possuir tal qualidade. Quando não privatizam diretamente, se apropriam do público para atender aos interesses privados dos grupos próximos da sigla. Isto acontece na educação, na saúde, nos transportes e até na coleta de lixo. E acontece também na comunicação.

A TV Cultura é uma rede pública e não estatal. Mas, não atua como tal. Não deveria servir ao governo do Estado, muito menos a mandatos específicos, mas na prática a coisa se complica. Ser pública significa que a vontade da sociedade civil deveria ser consultada antes de qualquer mudança estrutural. Funciona ali a mesma lógica que torna o Brasil um campo de batalha pela democratização das comunicações, onde a mídia é um dos mais fortes aparelhos privados de hegemonia ideológica.

O sistema de comunicações brasileiro é uma “herança maldita” da ditadura militar, que funciona via incentivo estatal ao desenvolvimento do capital privado. Em 1998, Fernando Henrique Cardoso, do mesmo PSDB, promoveu a maior privatização na área e rifou o Sistema Telebrás.

E o governo Lula não mudou este modelo. Os meios de comunicação seguem centrados nas mãos de poucos grupos e as concessões públicas de televisão vencidas foram renovadas automaticamente, sem nenhum debate com a população. A nomeação de Hélio Costa (PMDB), conhecido no movimento pela democratização como "o ministro da Globo", é emblemática.

Desenvolver uma verdadeira TV pública no Brasil implicaria numa concepção realmente pública de radiodifusão, subordinada então ao controle público (não só estatal, mas também da população) e não à lógica comercial. Deveria conter uma programação interessante e de qualidade que representasse a diversidade cultural e regional do País.

Para isto, seria necessário termos o controle social da mídia, que poderia funcionar, por exemplo, por meio de conselhos onde a população e o os trabalhadores de uma emissora pudessem estar devidamente representados. Mas a pequena parcela que senta em cima da comunicação brasileira atualmente não abre espaço para este debate. Quando se fala em democratização pelo controle social logo gritam – censura! E fim de papo.
 
A exclusão dos excluídos

Gilberto Yoshinaga
13 de agosto de 2010

O alarido teve início na quinta-feira passada, quando uma entrevista do jornal O Estado de São Paulo com o presidente da Fundação Padre Anchieta, o economista João Sayad, tornou pública sua decisão de extinguir da grade da TV Cultura o programa “Manos e Minas”, único da TV aberta brasileira dedicado à cultura hip-hop. Deflagrada a bomba, a reação dos admiradores do programa foi imediata. Durante toda a tarde, no Twitter, a expressão “#salveomanoseminas” figurou no trending topics brasileiro.

O repúdio ao fim do programa televisivo semanal, que neste sábado vai ao ar pela última vez após pouco mais de dois anos no ar, se espalhou com velocidade para além do microblog. Mais do que uma massa de internautas indignados, a mobilização ganhou a adesão de diversos artistas, simpatizantes da cultura de rua e jornalistas, como Pedro Alexandre Sanches (colaborador da CartaCapital) e Gilberto Dimenstein. Numa iniciativa inédita, os principais sites voltados para o hip-hop, como Central Hip-Hop, Per Raps, Coletivo e Noiz, se uniram para organizar uma reivindicação conjunta. Protestos verbais ecoaram e abaixo-assinados tomaram corpo em shows, eventos e saraus do gênero, realizados por todo o Brasil.

Cinco dias depois do fim do “Manos e Minas” ser anunciado, na terça-feira o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) usou a tribuna do Senado para manifestar seu apoio à continuidade do programa. Num discurso em que comparou a importância da poesia de Mano Brown, dos Racionais MCs, à de Patativa do Assaré, “para compreendermos hoje as aspirações dos jovens das periferias das grandes cidades”, Suplicy fez um apelo para que Sayad repense sua decisão e mantenha o programa de hip-hop na grade da TV Cultura. “Parece-me que essa é uma decisão que merece ser reconsiderada”, emendou o senador, que também leu no Senado uma carta de protesto encaminhada por representantes do hip-hop brasileiro.


Um dia antes, Suplicy havia solicitado uma reunião com o presidente da Fundação Padre Anchieta para debater a situação da emissora, que também anunciou a retirada, de sua programação, dos programas “Login” e “Vitrine” (este, sob a alegação de que haverá uma “reformulação”). Também há rumores de uma possível demissão em massa. Fala-se em um corte de até 80% dos cerca de 1,8 mil funcionários, o que, até o momento, é negado por Sayad – que já afirmou ter a intenção de enxugar a folha de pagamento, argumentando que é preciso reduzir os gastos da emissora. O pedido da reunião, feito por Suplicy, foi respondido com um e-mail seco e curto, em que Sayad diz nada ter contra o hip-hop mas não responde se receberá o senador.

A discussão, no entanto, já preocupa o Ministério da Cultura, principalmente pela maneira como a decisão unilateral chegou a público, sem qualquer diálogo com as partes envolvidas. Funcionários ligados ao programa souberam de seu fim através da imprensa.

A decisão repentina de retirá-lo do ar sugere que não houve planejamento, já que o convite para alguns artistas que tinham apresentações agendadas no programa teve de ser desfeito, constrangendo a equipe de produção e frustrando músicos. Na próxima semana, representantes do hip-hop deverão se reunir com o secretário-executivo Alfredo Manevy, o secretário do audiovisual Newton Guimarães Cannito e o secretário da identidade e da diversidade cultural Américo José Córdula Teixeira, a fim de analisar o caso e buscar uma alternativa para que o hip-hop continue com um programa em TV aberta.

 
“Sempre encarei o ‘Manos e Minas’ como um trabalho e uma missão: mostrar a periferia que o Datena não mostra”, lamenta o escritor e cineasta Alessandro Buzo, que desde a estreia do programa apresentou o quadro “Buzão Circular Periférico”, tendo feito reportagens que mostraram peculiaridades culturais de quase 50 bairros de periferia. “Não vou chorar e muito menos cuspir no prato em que comi. Só acho uma grande injustiça. Primeiro, porque o programa dá bastante repercussão e rende mais Ibope que muitos da casa. Segundo, porque era o único a retratar a periferia de forma inteligente na TV aberta ou fechada, o único programa que abria espaço pro hip-hop.”

A TV Cultura informou que renovará sua grade de programação, razão pela qual esta e outras produções serão interrompidas. “Outros programas serão desenvolvidos para atender, com a qualidade desejada, ao variado público da emissora. Cumpre acrescentar que a equipe envolvida na citada produção deverá ser realocada para as novas produções”, assegura a emissora. Não foi explicado o critério utilizado para a escolha dos programas que deixam a grade.

Ironicamente, diz o site da Fundação Padre Anchieta: “Nossa produção estará sempre comprometida com a veracidade, trabalhando no sentido de universalizar o direito à informação e à comunicação (…), buscando novas linguagens e formatos, em favor da solidariedade, da democracia e da paz, para assim expressar a diversidade brasileira, socializando a produção do conhecimento e fortalecendo a causa da televisão pública”.

E para quem ainda não entendeu a importância do programa, veja este vídeo de BNEGÃO  E OS SELETORES DE FREQUÊNCIA no Manos e Minas



E agora que está bem informado, assine aqui o abaixo-assinado para salvar o Manos e Minas!

OBS: ATENÇÃO!!! Posteriormente ao fechamento desta edição (ou seja, depois de ter ido para gráfica e tudo mais), chegou até os editores d'A CORTIÇA o excelente artigo "As idéias descontinuadas", de Rosane Pavam, da Carta Capital.

Entre outros pontos que nos fazem enteder mais e melhor o porque de o PSDB atacar violentamente a TV Cultural, ressaltamos este: 
"Os bastidores falam em “desmonte” da emissora com o objetivo de fazê-la caber na verba destinada pelo governo estadual, de 80 milhões de reais. Os dois terços atualmente não provenientes dela, nascidos da publicidade e da prestação de serviços, seriam eliminados. Ao pagar integralmente a conta, o Estado decidiria o que veicular. Pelo contrário, como está hoje, segundo a crença dessas fontes, a emissora pública de direito privado tem autonomia razoável em relação ao governo. Por pouco, até, ela permitiu que uma reportagem sobre pedágio nas rodovias paulistas, supervisionada pelo então diretor de Telejornalismo, Gabriel Prioli, fosse veiculada no Jornal da Cultura, no início de julho. A direção deu-se conta a tempo da apuração e vetou a transmissão da matéria, demitindo Prioli, que iniciara suas funções sete dias antes."

Esclarecedor...
Leia a íntegra aqui.

01/08/2010

A batucada de Philip Glass e Robert Crumb

CHEGA! Chega da Mércia, chega do Bispo, da menina Isabela, dos Nardoni, da menina Eloá, do goleiro Bruno, do Macarrão, do Spaghetti, do Gil Gomes e do Alborghetti! Sim! Existe vida fora desses noticiários policialescos (aliás, só há vida fora deles mesmo...)!

Meus amores, vamos falar de arte um pouquinho!

Neste exato momento, enquanto vocês se informam no blog mais quebradeira do quarto andar do meu prédio, estão passando pelo Brasil dois artistas inomináveis, figuras ímpares, mestres em seus campos de atuação: Philip Glass e Robert Crumb! (poizé, eu também dei gritinhos e pulinhos colegiais abanando as mãos quando fiquei sabendo)

PHILIP GLASS



Esse passou rapidinho por aqui. Na verdade, no dia 30 de julho se apresentou no Equador e aproveitou para participar da abertura da instalação “A Soma dos Dias”, em parceria com o artista plástico Carlito Carvalhosa, em 31 de julho, lá na Pinacoteca de São Paulo. Sua passagem por SP ocorreu pois alunos da Escola de Música de São Paulo – Tom Jobim executarão algumas obras  de Phillip Glass nas instalações de Carvalhosa. Leia a nota no próprio site da Pinacoteca.

Não é a de hoje que ele conhece a nossa batucada. Já gravou Days and Nights in Rocinha” (1997), escrita após uma visita à favela da Rocinha, e "Águas da Amazônia" (2006) com o Uakti, álbum magnífico e que você encontra aqui n'A CORTIÇA. Para saber mais sobre o compositor, acesse seu site aqui.

Veja e ouça esse trecho de um de seus trabalhos mais impressionantes, "Koyaanisqatsi" (1982), dirigido por Godfrey Reggio.

Ah, mantenha a calma! Em breve você poderá obter o filme completo e sua trilha sonora genial n'A CORTIÇA mais próxima de você! Enquanto isso, vá se deleitando com uma das trilhas sonoras mais marcantes de Philip Glass clicando aí embaixo da capa (mas não é para chorar, hein)


ROBERT CRUMB


Ah, para esse vamos dedicar um pouco mais de espaço...

Se você sair um pouco do universo de HQs padrão "Marvel/DC" irá se maravilhar com o admirável mundo novo que se abre a sua frente. E, sim, nessa "Pandora" há um deus: Crumb! Não que ele seja o criador de tudo, mas é reverenciado por todos (inclusive pelos mais ateus). Com o devido perdão dos outros grandes, Crumb é a figura viva mais importante da HQ mundial.

Um dos personagens mais marcantes da contra-cultura da década de 60, nosso ilustre  tocador de banjo do "R. Crumb and his Cheap Suit Serenaders" vai dar uma voltinha pelo Brasil para a edição de 2010 da FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty. Veja a matéria aqui no site do evento.

Entre as criações imortais do artista estão Mr. Natural e Fritz, The Cat (este já mostrou suas garras aqui n'A CORTIÇA). Para ter um vislumbre mais completo da sua obra, acesse o site de Crumb bem aqui.

Veja esse trecho do documentário "Crumb" (1994), dirigido por Terry Zwigoff
Quer ver inteiro, então pegue o torrent aqui embaixo e divirta-se.


E que tal se, antes de ir dormir, você mergulhasse em algumas de suas obras?! Bom, lá vai...

Em inglês, há três arquivos com muita coisa extraordinária.

Ah! Clique nos nomes embaixo das capas....


 "Blues"


... E nunca mais dê um centavo para o Tio Patinhas novamente, certo?!....QUAC!!!